O jornalista e escritor Gabriel Garcia Márquez, um dos expoentes da profissão, nos ensina que “a ética não é uma condição ocasional e deve acompanhar sempre o jornalismo, como o zumbido acompanha o besouro”.
Nos nossos tempos modernos, onde as redes sociais pretensiosamente se acham no direito de substituir o Jornalismo, eu, um eterno aprendiz do Jornalismo ouso filosofar: “Quando todos se julgam jornalistas, ninguém mais sabe a verdade”.
O que está acontecendo em nossos dias, de facilidades para quaisquer pessoas exteriorizarem cátedras de seus pensares, é que a “tia do zap” se tornou “tão importante” quanto o filósofo que há anos vem estudando a vida e a sociedade e se acha no direito de discorrer, sem qualquer cerimônia, sobre aquilo que teima em defender nas discussões de almoços e jantares familiares, no estertor do bebericar de fim de semana.
As redes sociais estão infestadas de sabichões que entendem de medicina e de guerras internacionais, vomitando, ao seu prazer, as velhas e surradas tradições de que comer manga com leite mata ou então que um pedreiro pode substituir, com vantagem, o conhecimento de um engenheiro.
Discute-se o ato presidencial com a facilidade de alguém que bebeu uma dúzia de cerveja e tem a solução mágica para isolar o vírus da covid. Sabe-se nas redes sociais que a solução econômica para o país é tão questionável quanto um pênalti ou um gol anulado pelo var (árbitro assistente de vídeo), no jogo de futebol entre os times de grandes torcidas.
O Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros ensina o profissional a ter, como base, o direito fundamental do cidadão à informação, que abrange seu direito de informar, de se informar e ter acesso à informação. E no filtro da informação é relevante se considerar o interesse público, nosso direito fundamental. E o direito a informação é algo sério, tão sério que precisa ser correto, independentemente de gosto, interesse, ideologia, forma, religião, natureza econômica e tudo que possa desvirtuar o bom senso e as boas práticas.
O que se questiona neste momento, é a qualidade da informação que estamos recebendo. Ela é crível, é confiável? Invariavelmente vamos dizer que não. Vamos atribuir a distorção ao que se convencionou apelidar de “notícia falsa” ou a badalada “fake news”.
Então precisamos começar a pensar, muito bem, naquilo que escrevemos e difundimos pelas redes sociais. Desde o bom dia e a alegre mensagem de bons agouros que expedimos, até na porfia que acabamos provocando com nossas “inteligentes” defesas.
Há uma indisfarçável prática assertiva: “todo direito acaba, quando começa o direito do próximo”. Assim o que eu não quero pra mim, não vou ser maldoso ou ingênuo de repassar. Pense nisso quando for criticar alguém, postar algum argumento esperto ou difundir uma notícia que você gostou, só porque está dentro daquilo que você crê e imagina ser a verdade.
Ética é ponderar, olhar todos os lados, checar todos os possíveis erros e distorções e filtrar tudo para oferecer a mais pura e real verdade. Ética está acima de argumentos e bons discursos. Ética é a essência do bem, é o amor, é a inteligência humana a serviço da vida. Então seja ético, que a sociedade vai agradecer.
Osni Gomes, jornalista da Contratuh