Aconteceu esta semana no Plenário do Tribunal de Justiça, a palestra “A violência doméstica e familiar contra a mulher: ainda um desafio para 2023”, pela psicóloga e servidora do TJRS, co-criadora do Projeto Borboleta, Ivete Machado Vargas. O evento, voltado ao público interno, também foi transmitido online pela Intranet.
Para o presidente, desembargador Ricardo Teixeira do Valle Pereira, que abriu o evento, a conscientização sobre o tema é um trabalho preventivo que as instituições devem realizar. “Infelizmente, a violência contra a mulher ainda é um desafio em 2023, e precisamos buscar a eliminação desta mácula que marca nossa sociedade”, ressaltou.
O Projeto Borboleta, desenvolvido no Tribunal de Justiça gaúcho, conta com ações multidisciplinares em favor das vítimas e seus dependentes e dos autores de violência doméstica. A instituição, por meio de convênios com universidades e entidades parceiras, oferece um espaço diferenciado de acolhimento, com atendimento psicológico, grupos de apoio, cursos profissionalizantes, oficinas e arteterapia, entre outras ações. A iniciativa ganhou o Prêmio Innovare em 2022.
Guerra ou pandemia
Segundo Ivete, a violência contra a mulher é um problema de saúde pública, considerado tão grave quanto uma guerra ou uma pandemia. “A partir do gênero se decide quem poderá ou não ter um papel de poder”, afirmou a palestrante, para quem o combate a esta realidade cotidiana é fundamental para a saúde social.
“A mulher submetida à violência precisa ter espaços de fala. O isolamento e a vergonha perpetuam situações de abuso”, pontuou. “No Projeto Borboleta, buscamos recuperar a identidade destas mulheres e construir novos paradigmas para relações amorosas”, contou Ivete, demonstrando preocupação com pesquisas que apontam a continuação entre adolescentes de ideias machistas que submetem as mulheres.
A psicóloga também mostrou dados, sendo um dos mais alarmantes o número de feminicídios no RS. Em 2022, 106 mulheres foram assassinadas por companheiros e houve 262 tentativas. Ivete complementou contando que desde o início do projeto todos os homens atendidos não voltaram a reincidir, chamando a atenção para um desamparo conjunto e para a falta de uma cultura civilizatória, que olhe para esta realidade e trabalhe com suas causas primárias.
Além do público presente, a palestra contou com 30 pessoas acompanhando a live, e com a presença do vice-presidente, desembargador Fernando Quadros da Silva, da presidente da Comissão Gestora de Políticas de Equidade de Gênero do TRF4, desembargadora Taís Schilling Ferraz, e da diretora de Recursos Humanos, Myrian Zappalá Pimentel Jungblut.
A desembargadora Taís, que assumiu recentemente a Comissão, frisou a necessidade de que se olhe para a base deste comportamento violento. “Precisamos compreender e atuar na origem do comportamento, para modificarmos este cenário com sustentabilidade”, ressaltou, chamando a atenção para uma atuação judicial ainda muito pautada em políticas de controle e repressão,” que são necessárias, mas não suficientes”, completou.
Fonte: Comunicação TRF4
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