Não contentes com a proposta já recusada por boa parte de representações sindicais de todo o Brasil, as três Centrais de maior expressão no país, CUT, Força e UGT, continuam a minar o noticiário para tentar emplacar suas ideias e decretar o fim do movimento sindical de base. A alegação agora é de que querem acabar com o que eles chamam de “sindicatos de fachada”, uma espécie de guerra para garantir uma soberania que não emplaca na total representação dos trabalhadores.
A coluna de Mariana Carneiro, do jornal O Estado de São Paulo acaba de dar espaço para essas informações. Ela cita que “os sindicatos estão preparando sugestões para uma reforma sindical e a proposta deve ser discutida ainda no primeiro semestre de 2023.”
Até aí parece uma notícia promissora, no entanto, esconde um propósito que vai além da criação de um instrumento útil para o setor. Na verdade, o que querem, com as tais câmaras de autorregulação, vinculadas ao Ministério do Trabalho, é impor o fim da representação de base e não o “expurgo de sindicatos sem representatividade, criados para arrecadar recursos e contribuições”.
O movimento sindical desde a Reforma Trabalhista implantada por Temer e ampliada por Bolsonaro, decretou uma insolvência econômica gradativa da subsistência do setor. Agora o que se pretende é ampliar essa insolvência, com absorção por alguns segmentos mais privilegiados imprimindo regras e limites para as negociações coletivas e mediação de conflitos, em atitudes que vem de cima para baixo, ignorando completamente a realidade regional de cada representação.
O tal Conselho Tripartite de Relações do Trabalho, no qual se inclui também o governo, não é a medida mais salutar, pois limitaria a ações centralizadas nas grandes representações, tão somente, favorecendo alguns setores privilegiados e submetendo os demais às decisões de cunho nacional.
O limite de mandatos nos sindicatos é outro anúncio que difere do processo democrático nacional, já que na própria política brasileira a reeleição é uma prática que se repete há longos anos. Surge então como um disfarce para alimentar a rotatividade de grupos que poderão, independentemente da reeleição se revezar no comando de uma “panela” que se desenha justiceira, mas que se torna interesseira, desde a elaboração de regras que sorrateiramente chegam ao noticiário como uma solução salutar. As bases sindicais já se movimentam e se preparam para rejeitar o processo, já que o assunto tem seu público específico, que é o trabalhador. E a ele cabe a decisão do que é melhor para classe, a despeito de interesses de segmentos que se dizem detentores do poder, aproveitando-se do diálogo aberto pelo atual governo.
O presidente da Contratuh, Wilson Pereira, juntamente com outros representantes de Confederações e Centrais Sindicais não alinhadas com as três proponentes, rechaça qualquer iniciativa que tenham como objetivo apenas centralizar a estrutura sindical a serviço de limitados interesses. “Nosso objetivo é discutir à exaustão qualquer reforma, a exemplo do que já têm manifestado os trabalhadores de nossas bases. A prova está na recente consulta buscada pelo presidente interino da Nova Central, Moacyr Auersvald, que acaba de retornar de uma maratona por dez cidades do Norte e Nordeste, onde houve 100% de adesão ao combate desta proposta escusa”.
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